terça-feira, 22 de março de 2011

Vem


o amor não diz uma única palavra, nem baixo, nem alto, nem por dentro. não diz. o amor ensaboa a alma, faz arder, cospe fogo em cima das feridas outrora aberta por ele mesmo. amor não é calmo, gosta de andar a cavalo, acha lindas as palavras açucena, mel e gota. o amor gosta de mulheres que se chamam adélia e ri bastante quando chove. o amor dorme pouco, beija muito, bebe café, gim, vinho e cachaça de boteco. o amor é sem respeito, não teve educação e, dizem, nem mãe. o amor enreda os cabelos e sopra areia nos olhos. o amor ri dos delicados, faz chacota de Deus e jamais escreveria um livro. o amor lava a honra com sangue e come sempre com as mãos. o amor não tem blog, celular ou twitter, mas manda cartas. as vezes. o amor deixa rastros, estrias, descampados e abre precipícios com foice. o amor tem mais vento que fogo. e, como já disse alguém , água, o amor não é.


Por Cristiane Lisboa | Publicado:22 de março de 2011

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