sábado, 4 de junho de 2011

Elisabeth Bishop (carta)


Marianne sempre usava uma trança enrolada no alto da cabeça, creio que um penteado de 1900, mais ou menos; jamais usou outro. Sua pele era clara, translúcida, embora já um pouco descorada quando a conheci. Seu rosto pálido corava tão depressa que ela me lembrava a Rima do romance de W.H.Hudson, Green mansions. Seus olhos brilhavam, mas não no sentido comum da expressão – ou seja, de que eram vivos. Eram vivos também, mas realmente brilhavam, como os olhos de um animal pequeno, e muitas vezes olhavam de relance para o interlocutor – rapidamente, ao final de uma frase que saíra particularmente boa, só para ver se ela tinha surtido efeito.
Elisabeth Bishop
(Em: Esforços do afeto, Cia da Letras, 2006. Tradução de Paulo Henriques Britto).

Um comentário:

Nonato Gurgel disse...

http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/06/05/forma-sentido-comeca-dia-7-no-oi-futuro-flamengo-384374.asp

oi TT, vamos nesta terça ver o Todorov no Flamengo? bjs