segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Um slide
Um slide
[Sérgio Alcides, O ar das cidades, São Paulo, Nankin, 2000, págs. 30-31]
Mal consigo ler
a cidade no meio das letras
a gente fora dos outdoors.
Há muitos destroços
de palavras e luzes, rebites e bits
cobrindo o coração.
Suponho que tem um coração (e erro).
Não distingo seu ruído pelas ruas
que clamam Pour Élise.
Ponho este poema – um
slide – deitado na linha do horizonte.
Não desisto de desatar o enleio dos edifícios
na paisagem-pregão.
Se houver um desabamento
o poema ficará no ar
escorado
nos gritos.
Mas os letreiros, não.
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