Você pede para eu apertar o pause
e vai ao banheiro deixando ao meu lado
seu cheiro quente
no travesseiro amassado.
Penso por um segundo
no texto que fiquei de escrever
para uma revista de literatura.
“Se é possível conciliar experimentalismo formal
E lirismo na poesia”.
Ouço sua bunda
desgrudar-se da tampa
que bate seca
e levemente na privada.
A descarga, a torneira ligada,
imagino uma grande sequência.
(A preguiça tem algo de comovente nos dias úteis.)
Você volta ao quarto dizendo
-Está me dando uma fome!
enquanto rimos da pose engraçada
que o ator parou.
Antes de apertar o play
chego a esboçar que algumas pessoas
são incapazes
de tirar a poesia do sério.
(Marcelo Montenegro)
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