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Marla de Queiroz
Vai,
menina. Desabotoa essa raiva, rasga essa angústia, berra tua
indignação. Mas preserve seu coração deste veneno. Não intoxique seu
sorriso com essa dor. Chore as lágrimas mais honestas que estiverem
embargando tua voz, enrugando tua face, mas livre-se deste entrave.
Vai, menina. O mundo não magoou você, mas o egoísmo arranjou uma brecha
para te atingir, reposicione-se, retome suas forças, empurre este
inverno para bem longe daqui. Não vês que doer não é pecado¿ Mas abra
espaço para respirar, você ainda pode dançar e crescer. Você ainda pode
permanecer onde está ou desaparecer. Você pode fazer tudo o que for cura
para tua tristeza. Mas não a envolva nesta tua delicadeza.
Vai, menina, grite para o vento que já doeu demais, que você quer viver agora outro momento.
Marla de Queiroz
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