terça-feira, 22 de março de 2016

Ana de Santana

ATLAS ANTIGO

Aquela cidade não há mais
A não ser nos mapas 
E nos meus desenhos escolares
Madrugadinha Luzes todas apagadas
Esquecimento e fim
A herança do ermo Inclui fantasmas e folguedos
Aquela cidade me cartografa
Brinco nela quando me dá infância
Sou cabra-cega procurando a mim

Ana de Santana

Nonato Gurgel

OUT(R)ONO
... convoca aos afetos, 
devolve turista e ainda chega com uma lua drummondiana,
 deixando a gente comovido pra caralho...
Nada de tesão do talvez:
 vamos tomar mate às 5, no Largo, e eu te conto...

Nonato Gurgel

segunda-feira, 7 de março de 2016

(Mário Bortolotto)

Porque eu devia pegar leve. Não tenho mais idade pra fazer diferente. É só um jeito de olhar com ternura pela janela quando a tempestade se anuncia. Mas quem disse que eu sou capaz de ficar na minha quando a temperatura sobe? Eu sempre aposto comigo e perco. Tem certas pessoas no mundo que não nasceram pra ficar mocozadas. Mas mesmo assim eu quero acreditar. E então insisto e ultrapasso a linha. Já não tenho pra onde voltar. Tem gente que tem um jardim. Ou um papagaio. Ou uma tartaruga. Eu só tenho o hálito frio de um fantasma que diz que não há com o que se preocupar. Então eu não espero que me convidem. Eu furo o bloqueio. Eu não tenho esqueletos no armário. Nem um jardim esperando por mim. Ou um papagaio. Ou uma tartaruga. Eu só tenho uma ansiedade filha da puta que faz com que a minha temperatura suba. E acreditem: nesse momento não levo nenhuma vantagem. I have to dream alone.

(Mário Bortolotto)