sábado, 5 de setembro de 2009

Fernando Pessoa





LIBERDADE
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.



O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.



Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!



Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.



O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

(Poema sugerido pela minha amiga Maria Luiza,leitora de Fernando Pessoa e deste blog que nada mais é que uma brincadeira onde coloco os poemas,textos e fotos que me enternecem)

Um comentário:

Borges disse...

Galo equilibrista, apressado, chamado esposas.