sexta-feira, 20 de julho de 2012

Alessandro "Robocop" Bartel





Vermelhos. Vermelhos seus olhos estavam quando me disse. Disse que não. Não havia a mínima chance de algo entre a gente acontecer. Você precisa me entender. Preciso fazer isso por mim, falou com o olhar baixo e a voz embargada. Silêncio. Foi isso que aconteceu nos minutos seguintes. De repente, o silêncio se desfez. Eu acho que não tem nada a ver, sabe, a gente não tem nada a ver. Agora, ela deu p...ra achar as coisas, pensei. Era fim de tarde e lá no oeste, o sol tocava, de leve, o horizonte. Uma cor laranja invadia a janela da sala e iluminava um porta-retrato, um sapato seu e registrava, em cores vivas, nossa separação. Não houve nenhum porém. Ele me ligou e a gente vai tentar, foram essas suas últimas palavras. Resolvi não arriscar nenhuma palavra. Apenas sorri. Sorri e ela entendeu que tava tudo bem. Peguei meu óculos, engoli a saliva, beijei-lhe a testa, destranquei a porta e sai. Não olhei pra trás. Desci nove lances de escadas e quando alcancei a rua, o horizonte já havia engolido o sol. Céu limpo, um vento de leve, desses típicos de outono, atingiu-me em cheio. Segui em frente, sem saber pra onde ir. Olhei pro céu. Há muito tempo não fazia uma noite assim.

(Alessandro "Robocop" Bartel)

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