segunda-feira, 7 de abril de 2014

Marize Castro

quando retornou estava velha
ao meu redor dançava quase cega
quis tudo que me pertencia
o filho que permanece em mim
o corpo que não libertei
o céu que jamais foi meu
pensei: tão louca e tão bela
qual dor lhe habita?
eu a olhava, ela me invadia
renove, renove
— repetia
(eu tão concha, ela tão éter)
invadida esqueci de qual
mais raro artefato
perdi
muito mais tarde
por amor
entre folhagens
li em distante lápíde:
Gôngula sem rota, falsa esfinge sem asas
sempre em vigília, sempre à margem

(Poemas do livro Habitar teu nome. Natal: Uma, 2013)

Um comentário:

Anônimo disse...

pretty nice blog, following :)