domingo, 10 de maio de 2015

Marize Castro

AVISO

É perigoso, menina,
sair de casa
sem seu guarda-chuva
perolado
sem seu fogo mortífero
sem seu sexo
sempre aberto
aos apelos
do mundo.
É perigoso, menina,
se deixar para trás,
subir até a mais alta montanha
e de lá não se jogar.
É perigoso, menina,
(muito perigoso)
não parar de buscar
o paraíso
e se lambuzar de prazeres
alheios.
É perigoso, menina,
beijar a boca
de alguém tão mais velho
e se perder assim:
não mais saber
onde reside
a primeira luminância
a última escuridão.
É perigoso, menina,
acreditar na memória,
jogar-se de tal altura
inflar-se de clichês
quebrar suas tão jovens
asas

e não cair.

É perigoso, menina,
proteger-se e se armar demais
querer o outro, ser o outro
– habitar o inabitável.


Marize Castro

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