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Há o espaço a ser preenchido, o lugar de uma narrativa que ela tenta preencher aos poucos. A narrativa da crise, da internação, dos primeiros dias no hospital, e também a narrativa do período imediatamente anterior, os dias que precederam o horror. Hoje, sentada na cama do hospital com o notebook no colo, conseguiu conectar-se a uma rede sem fio das redondezas e leu os e-mails que eu lhe enviara desde o primeiro dia. Os longos e-mails que escrevi para me manter são: ela os lê e se emociona e ri, um espaço em branco a menos, dois, três, cinco, nove; revive o que não tem certeza de ter vivido, ou que não sabia ter vivido, e se refaz, e eu também.
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