Gosto de uísque no fundo da garganta
fiz cara de vítima, esfreguei meu corpo no dele
saí andando, contei vantagem
cansei de ser assim
dona do mundo e de mim
desordenada e inacabada
falo o que não devo e o que não posso
porque gosto
eu não presto e já te disse
não me afronta não me nega
que eu fico louca
imploro uma esperança impossível
a Deus
e sei que ele me olha
e sei que não devo
mas sou e assumo cada dano meu.
Tão cruel é existir.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Nivaldete Ferreira
gosto dos textos que (me) procuram
gosto dos textos que (me) curam
gosto até dos textos que me curram
quando a minha mente está muito pura
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Regis Bonvicino
Caminho de hamster
Fedendo a cigarro e a mim mesmo
cruzo uma avenida
ao anoitecer
sirenes, carros
vozes abafadas
avenida larga e áspera
numa rua transversal
o cadáver de um cachorro
atropelado
rodas metálicas em ritmo lento
fedendo a esgotos e a mim mesmo
a um pouco de fogo, do isqueiro
fedendo como aquela maçã podre
fedendo a música estúpida
desses tempos
e a mim mesmo
o lixo recolhido exala
um cheiro nítido na calçada
fedendo a sapatos e a mim mesmo
a ratos, ao suor dos néons
a cadeiras e a mim mesmo
a notícias inúteis e a mim mesmo
fedendo sob a lua
narinas entupidas de gás carbônico
o som do motor do ônibus
fedendo as mesmas camisas
fedendo a miopia e a mim mesmo
fedendo a esquinas
exalando cheiros
fedendo a expectativas
que no entanto acabam
na próxima linha
Fedendo a cigarro e a mim mesmo
cruzo uma avenida
ao anoitecer
sirenes, carros
vozes abafadas
avenida larga e áspera
numa rua transversal
o cadáver de um cachorro
atropelado
rodas metálicas em ritmo lento
fedendo a esgotos e a mim mesmo
a um pouco de fogo, do isqueiro
fedendo como aquela maçã podre
fedendo a música estúpida
desses tempos
e a mim mesmo
o lixo recolhido exala
um cheiro nítido na calçada
fedendo a sapatos e a mim mesmo
a ratos, ao suor dos néons
a cadeiras e a mim mesmo
a notícias inúteis e a mim mesmo
fedendo sob a lua
narinas entupidas de gás carbônico
o som do motor do ônibus
fedendo as mesmas camisas
fedendo a miopia e a mim mesmo
fedendo a esquinas
exalando cheiros
fedendo a expectativas
que no entanto acabam
na próxima linha
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Guia de Tê para Ivan
Guia de Tê ao escrever esse belíssimo texto pra Ivan,cutucou nossas saudades,trouxe a tona uma época em que dançavamos ao som de Renato e ouvíamos Roberto Carlos .Como é doloroso dar adeus a um amigo que faz parte da nossa história de vida e parte precocemente!
Amigo Ivan resolvi ligar o som e ouvir Renato e seus Blues Caps.
Poderia ser o nosso Rei Roberto, ou tantos outros ídolos e artistas, da
saudosa jovem guarda naquele nosso pequeno grande mundo juventude e vida
tão intensa. Não se esse nosso primeiro contato à distância seria o
mais apropriado para o momento, mas a noticia de sua passagem me pegou
de surpresa, e de repente a emoção mais imediata foi a da minha pré-
adolescência apaixonada diante do seu primeiro sonho de amor – você.
Como me deleitava com a ilusão de que ao ouvir ‘menina linda’, essa
menina poderia ser eu, até compreender a minha natural fantasia e
entender que teria esse marco de beleza na minha história e que você
seria meu eterno amor fraterno. Crescemos juntos e nossa amizade de
vizinhos e primos foi de irmãos. Estou de luto amigo, porque perdi o
tempo que previa para nosso reencontro em Nova Palmeira como
antigamente, e, certamente iríamos falar da experiência de pais e avos e
tantas outras coisas nossas que só verdadeiros amigos falam. Estou
acometida de uma urgência de expressão verbal, como se as palavras o
fizessem parar para ouvir, olhar para trás e dar um tempo nesta viagem e
assim, todos nós de Nova Palmeira que amamos você teríamos tempo de
atualizar nossas histórias de vida e aprendizagens. Lembra amigo, das
nossas férias? Você vinha de Campina Grande com seus irmãos e amigos,
dos “assustados” na grande sala da sua casa, do amplificador a tocar e
na moda daquela época passeávamos na calçada a flertar encantadas. Mas
eu já falei tanto Ivan e de repente, entendo que você ainda está indo e
que vai levando em sua bagagem de experiências vividas e aprendizagens,
todo calor e sabor daquele nosso tempo de amizade verdadeira e convívio
jovial, na nossa velha e amada Nova Palmeira. Segue em paz amigo, leva
consigo nossa amizade, leva o alto astral de Ceiça, o canto das irmãs
Marizinha, Guia e Maluza, e tantas outras jovens que povoavam e
enriqueciam esse convívio de sonho e melodia. Leva a alegria dos banhos
de chuva quando ainda crianças, ficávamos feito bonecos parados de cara
pra cima e boca aberta a sorver as gotículas d’água a escorrer no nosso
rosto. Essas recordações “são uma brasa, mora”. Sorria amigo, porque seu
sorriso aberto e de alma será a imagem mais nítida que o materializará
na nossa memória. Amanhã vou olhar o céu e vou procurar uma nova estrela
palmeirense entre tantas estrelas amadas de cada um de nós, estrelas
inesquecíveis que tanto iluminaram enquanto relíquias de amor em nossas
vidas. Abrace a todos e leve noticias de nós. Ah, vou agora dedicar-lhe
Canção da América. Adeus... Até... quando..
Guia de Tê.
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