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o paletó azul me separou da multidão
de horas que grudavam feito gente
fiquei mirando, um olho avisado
algum segredo que foi meu bem antes:
um raio um tilt o teu primeiro bei
jo acordes me acordando o teu lençol
pião sorvendo num ralo ligei
ro a cor e a antesala dos avós
a letra mágica a página ímã
do Reinações na tarde de ambrosia
a voz do filho já não mais a mi
nha azul de ar o corpo tão alheio
quadriculado, eis que me incandesceu
- feito uma insígnia, quase absurdo -
arcaizando o meu presente inerte.
estava andando e então senti o sopro
o dia abriu em dois, nitidamente:
o paletó azul estava tecido com o poema
um clown sem nuvens atravessando a ponte.
Claudia Roquette-Pinto
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