terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Mário Bortolotto
Podia sentar aqui e escrever um texto longo sobre exílio e desesperança. Sobre um sujeito triste e improdutivo se arrastando por aí. Podia simplesmente publicar o poema que terminei de escrever hoje à tarde ou transcrever aqui mais um poema do velho Buk. Eu podia ficar aqui na frente da tv apenas zapeando sem nenhuma urgência. Podia abrir aquela garrafa de Jack Daniels Silver Select. Podia ouvir o LP do Joe Cocker de 1.970. Mas eu não vou fazer nada disso. Vou continuar aqui fazendo o que comecei hoje à tarde. Vou terminar de assistir "Husbands" do John Cassavetes. Porque tá quase tudo lá. Porque as pessoas continuam. Tá pensando que eu não saquei isso? Todo mundo continua. E eu também vou. Mesmo porque não me ensinaram a fazer outra coisa. E os que tentaram, eu simplesmente ignorei. E não há nada de beligerante nisso. Sou tão vulnerável quanto qualquer um. E nunca me esqueço disso.
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