quarta-feira, 17 de março de 2010

RELENDO GARY SNYDER


FORA DA TRILHA


Somos livres pra encontrar nosso próprio caminho
Sobre pedras – por entre as árvores –
Onde não há nenhuma trilha. O cume e a floresta
Se apresentam aos nossos olhos e pés
Que decidem por si mesmos
Em sua sabedoria ancestral de ir
Aonde a vida selvagem nos levará. Nós já
Estivemos aqui antes. É de algum modo mais profundo
Do que seguir por sendas que dispõem algumas rotas
Às quais você se apega,
Todos os cursos são possíveis, muitos darão resultado,
Serem bloqueados é seu tipo de prazer próprio,
Atravessar é uma alegria, as rotas secundárias
E os desvios revelam troncos caídos e flores,
Rastros de cervo direto pra cima, rastros de esquilo
Transversais, os afloramentos nos arrastam além.
Descansar em troncos de árvores,
Mudar o passo no leito de rocha, inclinados e olhando tudo
Ambos fazendo escolhas – segurando os rumos agora –
E depois reunindo; eu estou certo, você está certa,
Terminamos juntos. Mattake, “Cogumelos Matsutake”
Elevações na base dum toco. Isto é vida selvagem!
Nós rimos, selvagem com certeza,
Porque nenhum lugar é mais belo do que outro,
Todos os lugares são totais,
E nossos tornozelos, joelhos, ombros &
Quadris sabem bem onde eles estão.
Relembro agora como o Tao Te
Ching expõe isto: a trilha não é o caminho.
Nenhuma senda levará você até lá, estamos fora da trilha,
Você e eu, e nós escolhemos isto! Nossas viagens ao ar livre
Através dos anos têm sido prática
Desta perambulação juntos,
Nas montanhas recônditas
Lado a lado,
Sobre pedras, por entre as árvores.

Tradução: Luci Collin

Um comentário:

João Batista de Morais Neto disse...

Tetê, que arraso! Você recuperando para o seu blog a energia poética fascinante de Gary Snider, o poeta zen beat. Divino!
abraços, Joãozinho