domingo, 12 de abril de 2009

é disso que eu falo...
"Um sujeito precisa ter coragem. Um sujeito pode passar a sua vida toda amarrado a sua cidade natal vivendo como um pária, constantemente vigiado e desacreditado, pode ainda encerrar suas noites sonhando com coisa que ele nunca poderá sequer tocar, pode interpretar cenas de filmes cults sob o chuveiro ou mesmo acelerar fundo de volta pra casa imaginando estar a bordo de um Porsh Spider ou, ele pode ter um mínimo de coragem. Quando um sujeito começa acreditar em suas miudezas, naquelas coisas que o tornam diferente, que são identidade e prazer e ao mesmo tempo, ele caminha, estica o dedão na beira da rodovia, joga os dados na sala escura mesmo sacando que no fim das contas o patrão sempre levará a melhor. Coragem, é preciso coragem. Quando se dá os primeiros passos a caminho daquelas crenças pessoais, aquelas que têm a nossa marca, vem a sensação de medo; a primeira volta na montanha russa; coisas acontecem freneticamente, o iceberg rompe o estômago e ameaça naufragar o prazer que se instala devagar. Coragem, nestas horas é preciso ter coragem. Sei que vai pintar a tal encruzilhada, mais uma, das grandes, e aí, enquanto ouço o barulho do trem se aproximando, a cancela fechando-se gradativamente, sei que será hora de acelerar, sem olhar pro trem, resistindo aquele impulso maluco de engatar ré, síndrome de Sara e as malditas estátuas de sal, hora de ir em frente e deixar que o out door do meu cérebro acenda as luzes: coragem! Talento é pouco, essencial é culhão. Coragem!"
Márcio Américo

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