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“A srta. Albertine foi-se embora! Como, em psicologia, o sofrimento vai mais longe do que a psicologia! Ainda há pouco, ao analisar-me, julgara que essa separação sem nos termos visto outra vez era justamente o que eu desejava, e, comparando a mediocridade dos prazeres que Albertine me proporcionava com a riqueza dos desejos que me impedia de realizar, eu me achara sutil, e concluíra que não queria tornar a vê-la, que já não a amava. Mas estas palavras: A srta. Albertine foi-se embora acabavam de produzir-me no coração um sofrimento tamanho que eu não podia resistir-lhe por muito tempo. Assim, o que julgara não ser nada para mim era, simplesmente, toda a minha vida. Como a gente se conhece mal!”. (fragmento de A Fugitiva, sexto volume de Em busca do Tempo Perdido de Marcel Proust).
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